MAR ABERTO
Por frestas,
toco a luz que se escancara
para além dessas treliças.
Por farpas,
tenho gotas de oceano
e sede, e sede,
e sede.
Por frestas,
toco a luz que se escancara
para além dessas treliças.
Por farpas,
tenho gotas de oceano
e sede, e sede,
e sede.
Não sei fazer poemas sobre gatos
se tento logo fogem
furtivas
as palavras
soltam-se ou
saltam
não capturam do gato
nem a cauda
sobre a mesa
quieta e quente
a folha recém-impressa
página branca com manchas negras:
eis o meu poema sobre gatos
Na foto fora de foco
não está a imagem
verdadeira
que evito?
Se me reconheço nela,
e se cala a dúvida
teimosa
que não se calava,
isto é cair em si?
E o trovão que vem depois
é anúncio da tempestade
ou o sinal
definitivo
de que ainda cabe uma arca?
Tags: arca, cair em si, dilúvio, dúvida, foto fora de foco, imagem, sinal, teimosa, tempestade, trovão
Se eu encostasse
meu ouvido
no seu peito
ouviria o tumulto
do mar
o alarido estridente
dos banhistas
cegos de sol
o baque
das ondas
quando despencam
na praia
Vem
escuta
no meu peito
o silêncio
elementar
dos metais
A reboque de um carro desbotado,
asfixiado pelo congestionamento,
o barco nada lembra do mar
do sol
nem das gaivotas.
Naufraga.
Tags: barco, congestionamento, fim de festa, mar, naufragar, reboque, sol
Edival Antonio Lessnau Perrini nasceu em Curitiba-PR, em 23 de outubro de 1948, onde cresceu e reside. Saiba +