Poemas vivos

MAR ABERTO

mar aberto

Por frestas,
toco a luz que se escancara
para além dessas treliças.

Por farpas,
tenho gotas de oceano
e sede, e sede,
e sede.

Edival Perrini/ O olho das águas/ 2009

NÃO SEI FAZER POEMAS SOBRE GATOS

Não sei fazer poemas sobre gatos
se tento logo fogem
furtivas
as palavras
soltam-se ou
saltam
não capturam do gato
nem a cauda
sobre a mesa
quieta e quente
a folha recém-impressa
página branca com manchas negras:
eis o meu poema sobre gatos

Ana Martins Marques/ O livro das semelhanças/ 2015

DILÚVIO

diluvio_foto

Na foto fora de foco
não está a imagem
verdadeira
que evito?

Se me reconheço nela,
e se cala a dúvida
teimosa
que não se calava,
isto é cair em si?

E o trovão que vem depois
é anúncio da tempestade
ou o sinal
definitivo
de que ainda cabe uma arca?

Edival Perrini / www.edivalperrini.com.br / 2016

MINAS

Se eu encostasse
meu ouvido
no seu peito
ouviria o tumulto
do mar
o alarido estridente
dos banhistas
cegos de sol
o baque
das ondas
quando despencam
na praia

Vem
escuta
no meu peito
o silêncio
elementar
dos metais

Ana Martins Marques/ O livro das semelhanças/ 2015

FIM DE FESTA

fim de festa foto 2

A reboque de um carro desbotado,
asfixiado pelo congestionamento,
o barco nada lembra do mar
do sol
nem das gaivotas.

Naufraga.

Edival Perrini/www.edivalperrini.com.br/2016

Edival Perrini

Edival Antonio Lessnau Perrini nasceu em Curitiba-PR, em 23 de outubro de 1948, onde cresceu e reside. Saiba +

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