RESSACA
De dentro desta marola,
um frenesi se gesta.
Na madrugada da lua cheia,
o mar morderá nacos de praia,
derrubará muradas, calçadas,
palmeiras.
Depois retornará
nauseado
ao leito de sua calma lunática.
De dentro desta marola,
um frenesi se gesta.
Na madrugada da lua cheia,
o mar morderá nacos de praia,
derrubará muradas, calçadas,
palmeiras.
Depois retornará
nauseado
ao leito de sua calma lunática.
Se for possível, manda-me dizer:
-É lua cheia. A casa está vazia-
Manda-me dizer, e o paraíso
há de ficar mais perto e mais recente
me há de pertencer teu rosto incerto.
Manda-me buscar se tens o dia
tão longo como a noite. Se é verdade
que sem mim só vês monotonia.
E se te lembras do brilho das marés
de alguns peixes rosados
numas águas
e dos meus pés molhados, manda-me dizer:
-É lua nova-
E revestida de luz te volto a ver.
Tags: casa vazia, Hilda Hilst, lua cheia, luz, marés, paraíso, peixes, pés molhados, poema, retorno, saudade, verdade
Edival Antonio Lessnau Perrini nasceu em Curitiba-PR, em 23 de outubro de 1948, onde cresceu e reside. Saiba +