RESSACA
De dentro desta marola,
um frenesi se gesta.
Na madrugada da lua cheia,
o mar morderá nacos de praia,
derrubará muradas, calçadas,
palmeiras.
Depois retornará
nauseado
ao leito de sua calma lunática.
De dentro desta marola,
um frenesi se gesta.
Na madrugada da lua cheia,
o mar morderá nacos de praia,
derrubará muradas, calçadas,
palmeiras.
Depois retornará
nauseado
ao leito de sua calma lunática.
O buraco do espelho está fechado,
Agora eu tenho que ficar aqui
Com um olho aberto, outro fechado,
No lado de lá onde eu caí.
Pro lado de cá, não tem acesso,
Mesmo que me chamem pelo nome
Mesmo que admitam meu regresso
toda a vez que eu vou a porta some.
A janela some na parede
A palavra de água se dissolve
Na palavra sede, a boca cede
Antes de falar e não se ouve.
Já tentei dormir a noite inteira
Quatro, cinco, ou seis da madrugada.
Vou ficar ali nessa cadeira,
Uma orelha atenta, outra ligada.
O buraco do espelho está fechado.
Agora eu tenho que ficar agora
Fui pelo abandono abandonado
Aqui dentro do lado de fora.
Edival Antonio Lessnau Perrini nasceu em Curitiba-PR, em 23 de outubro de 1948, onde cresceu e reside. Saiba +