Encontrovérsia

O Grupo Encontrovérsia existe regular e ininterruptamente desde que foi fundado, em 1980.

Fazem parte do Grupo os poetas Edival Perrini, Jandyra Kondera, Leopoldo Scherner (in memoriam) e Luiz Alberto Pena Kuchenbecker.

Criado para incentivar o estudo e a partilha literária, segue reunindo-se quinzenalmente, o que possibilita um permanente olhar sobre a criação de prosa e poesia de autores do Brasil e do mundo, além de ser um espaço de crítica sobre a própria produção de seus participantes.

O Encontrovérsia publicou:

  • LUARA (1982);
  • LIMO A LEME NENHUM (1986);
  • DIVERSO (1995);
  • TRAÇOS DO OFÍCIO (2004).

POEMAS DE EDIVAL PERRINI NO ENCONTROVÉRSIA

SEGREDO

teu nome
escrito a dedo
de nuvem
no lúmen da manhã
azul

Edival Perrini/ Limo a Leme Nenhum, 1986

“O sol transpõe nuvens”

o sol transpõe nuvens

a folha amarela
amanhece

 

o dia tem uma ideia

Edival Perrini / Limo a leme nenhum, 1986

FLORESTA

Se as mãos de imensas árvores
tocam-se em vegetal abraço,
colhe-se a palavra floresta.

A legião floresta tecida
em fios-árvores incontáveis
é una, árvore singular.

Diferentes de árvores-letras
que a escrevem árvore outra,
seus frutos, flores e cheiros
movem-se em traços, são peixes
no enorme aquário do ar.

Diferente é a paisagem
de outras diferentes pinturas,
aqui o ver é quem busca os olhos.

Os frutos da árvore-floresta
multiplicam-se em aberturas,
sombras, pássaros, borboletas,
frutos-fibras que se enlaçam
e tecem a palavra ternura.

 

Edival Perrini / Diverso, 1995

“Há códigos no olhar”

há códigos no olhar
se (cristal) os decifro

arco-íris

Edival Perrini / Limo a leme nenhum, 1986

O REMO

Na marra
(e na boa)
o remo contém
a farra
da canoa.

Edival Perrini in Traços do Ofício, 2004

POEMAS DE LEOPOLDO SCHERNER NO ENCONTROVÉRSIA

NÃO ME PERGUNTEM

Não me perguntem,
não me perguntem
por que razão.

Não me perguntem
por que bebi o vinho
quando o sol resplandecia.

Não me perguntem
por que os meus caminhos
escureciam
quando os caminhava.

Tenho luas de peixes.
Tenho estrelas de mal.

Não me perguntem.

Leopoldo Scherner/ Luara, 1982

“O coveiro à porta do cemitério”

O coveiro à porta do cemitério
descansa e pensa.
Do que descansa
bem sei,
em que pensa, não.
Em todo caso,
sentar-se o coveiro
à porta do cemitério
não me dá descanso
e me faz pensar
bem sei eu em quê.

 

Leopoldo Scherner/ Traços do Ofício, 2004

“Tire o pé daí”

Tire o pé daí,
que eu quero bater asas.

Leopoldo Scherner/ Diverso, 1995

“Lavo, lavo o meu poema”

lavo, lavo o meu poema
até deixá-lo limpinho
de tudo o que o impede
de ser claro como a água

lavo, lavo o meu poema
com sabão e com escova
quero que seja escovado
da mais mínima sujeira

lavo, lavo o meu poema
que é só meu, mas é de todos,
sendo limpo, sendo lindo,
cada um o julga seu,
todos o querem para si

lavo, lavo o meu poema
lavo, duas, lavo três
lavo quantas forem precisas
as vezes de o bem lavar

Leopoldo Scherner in Traços do Ofício, 2004

“Eu não me cansei”

Eu não me cansei,
não parei no meio do caminho
e não me cansei:
quero mais um copo de vinho
e mais um pedaço de pão:
eu não me cansei
e não estou cansado.

Leopoldo Scherner/ Traços do ofício, 2004

Edival Perrini

Edival Antonio Lessnau Perrini nasceu em Curitiba-PR, em 23 de outubro de 1948, onde cresceu e reside. Saiba +

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