A SETA E O ALVO
Lavar o rosto das manhãs
e esperar o sol
de um dia sem máscaras.
Abrir-se em tato,
respirar o que sobrou da noite,
desenhar um caminho.
Tags: A seta e o alvo, caminho, manhas, rosto, sem máscaras, tato
Lavar o rosto das manhãs
e esperar o sol
de um dia sem máscaras.
Abrir-se em tato,
respirar o que sobrou da noite,
desenhar um caminho.
Tags: A seta e o alvo, caminho, manhas, rosto, sem máscaras, tato
Súbito me encantou
A moça em contraluz
Arrisquei perguntar: quem és?
Mas fraquejou a voz
Sem jeito eu lhe pegava as mãos
Como quem desatasse um nó
Soprei seu rosto sem pensar
E o rosto se desfez em pó.
Por encanto voltou
Cantando à meia-voz
Súbito perguntei: quem és?
Mas oscilou a luz
Fugia devagar de mim
E quando a segurei, gemeu
O seu vestido se partiu
E o rosto já não era o seu
Há de haver algum lugar
Um confuso casarão
Onde os sonhos serão reais
E a vida não
Por ali reinaria meu bem
Com seus risos, seus ais, sua tez
E uma cama onde à noite
Sonhasse comigo, talvez.
Um lugar deve existir
Uma espécie de bazar
Onde os sonhos extraviados
Vão parar
Entre escadas que fogem dos pés
E relógios que rodam pra trás
Se eu pudesse encontrar meu amor
Não voltava
Jamais.
Demore-se no carinho,
de modo que no rosto do outro
vá a mão como se não fora
voltar. Repita,
demorando-se mais,
de modo que a mão descanse
naquele rosto, como se,
e se esqueça de que.
Repita, demore-se no carinho
como se a mão desse adeus,
agarrada ao rosto que se vai.
Outra vez: repita,
demorando-se mais
e mais, como se a mão bebesse
daquele rosto para, saciada, dormir
ali mesmo, ao pé da fonte.
Edival Antonio Lessnau Perrini nasceu em Curitiba-PR, em 23 de outubro de 1948, onde cresceu e reside. Saiba +