MARCA
Este poema se escreve
com o voo do corvo
e com o brilho da estrela
que só existem
como eu
quando espio você.
Este poema exige
fé
e busca palavras.
Este poema é pedra desde sempre.
Capturado,
poderá fazer da vidraça,
cacos.
Este poema se escreve
com o voo do corvo
e com o brilho da estrela
que só existem
como eu
quando espio você.
Este poema exige
fé
e busca palavras.
Este poema é pedra desde sempre.
Capturado,
poderá fazer da vidraça,
cacos.
Indiferente
ao suposto prestígio literário
e ao trabalho
do poeta
à difícil faina
a que se entrega para
inventar o dizível,
sobre a mesa
o gatinho
se espreguiça
e deita-se e
adormece
em cima do poema.
lavo, lavo o meu poema
até deixá-lo limpinho
de tudo o que o impede
de ser claro como a água
lavo, lavo o meu poema
com sabão e com escova
quero que seja escovado
da mais mínima sujeira
lavo, lavo o meu poema
que é só meu, mas é de todos,
sendo limpo, sendo lindo,
cada um o julga seu,
todos o querem para si
lavo, lavo o meu poema
lavo, duas, lavo três
lavo quantas forem precisas
as vezes de o bem lavar
um vento sul me transtorna
náufrago de noite interminável,
resta-me o fulgor da tela em branco
sobreviver é permanecer acordado
dentro do poema
no sonho e no poema,
por não poder
me distraio
no sonho e no poema
há um poço,
raio que verte versos
se ouço
no sonho e no poema
há ossos,
manto de agonia
e espanto
no sonho e no poema,
por não poder
é que posso
Edival Antonio Lessnau Perrini nasceu em Curitiba-PR, em 23 de outubro de 1948, onde cresceu e reside. Saiba +