NEBLINA
O hálito da neblina
mastiga da serra
sua essência de odores.
O hábito da neblina
revela no chão
os descaminhos ao mar.
O hábito da neblina
convida a não ver,
passos inebriados.
O hálito da neblina
turva primeiro, depois
publica o sol.
O hálito da neblina
mastiga da serra
sua essência de odores.
O hábito da neblina
revela no chão
os descaminhos ao mar.
O hábito da neblina
convida a não ver,
passos inebriados.
O hálito da neblina
turva primeiro, depois
publica o sol.
A reboque de um carro desbotado,
asfixiado pelo congestionamento,
o barco nada lembra do mar
do sol
nem das gaivotas.
Naufraga.
Tags: barco, congestionamento, fim de festa, mar, naufragar, reboque, sol
Ouve o barulho do rio, meu filho,
deixa esse som te embalar.
As folhas que caem no rio, meu filho,
terminam nas águas do mar.
Quando amanhã por acaso faltar
uma alegria no seu coração
lembra do som dessas águas de lá
faz desse rio a sua oração.
Lembra meu filho, passou, passará
essa certeza a ciência nos dá
que vai chover quando o sol se cansar
para que flores não faltem,
para que flores não faltem jamais.
Nasceu no meu jardim um pé de mato
que dá flor amarela.
Toda a manhã vou lá pra escutar a zoeira
da insetaria na festa.
Tem zoado de todo jeito:
tem do grosso, do fino, de aprendiz e de mestre.
É pata, é asa, é boca, é bico,
é grão de poeira e pólen na fogueira do sol.
Parece que a arvorinha conversa.
Tags: Adélia Prado, anímico, asa, festa, flor amarela, jardim, manhã, pata, pé de mato, pólen, sol, zoeira
Não me perguntem,
não me perguntem
por que razão.
Não me perguntem
por que bebi o vinho
quando o sol resplandecia.
Não me perguntem
por que os meus caminhos
escureciam
quando os caminhava.
Tenho luas de peixes.
Tenho estrelas de mal.
Não me perguntem.
Edival Antonio Lessnau Perrini nasceu em Curitiba-PR, em 23 de outubro de 1948, onde cresceu e reside. Saiba +