Poemas publicados

PROA

O sonho é meu pastor, nada me faltará.
Que venham as tormentas, que venha o que vier,
tenho o sonho comigo, o sonho é meu pastor.

O mundo da aparência não me engolirá.
Conheço bem suas manhas, meu ofício é interior:
girassol que é girassol tem proa pro amanhecer.

O sonho é meu pastor, nada me faltará.
Com ele eu teço o mundo, reinvento a via-láctea.
Mistérios são bem-vindos, o sonho é meu pastor.

Ou eu busco a verdade ou ela não me achará.
Minha verdade, o sonho, é pomar e é brasão.
Seu universo, os versos, fio do sim e do não.

O sonho é meu pastor, nada me faltará.
Encontro nele a luz, meu alimento e cor.
Que escorra a ampulheta, o sonho é meu pastor.

Armazém de ecos e achados, 2001

NORTE

Repudio a chuva fina:
mesquinha, indecisa, à toa.
Ou tempestade me assina,
ou me rasgo, se garoa.

Armazém de ecos e achados, 2001

VÉRTICE

Homem em pé sobre a canoa
pesca a manhã de cada dia,
noventa graus de poesia.

Pomar de águas, 1993

VÉSPERAS

No princípio é a luz do verbo.

Dentro da luz,
botão de flor das vésperas,
o verbo.

Dentro do verbo em luz,
a madrugada das palavras.

No princípio é a luz do verbo.

Se me toca,
falo.

O olho das águas, 2009

AMOR

Apesar de sua induração,
o ferro,
renitente e inflexível,
consente à umidade
o gozo escarlate da ferrugem.

Armazém de ecos e achados, 2001

Edival Perrini

Edival Antonio Lessnau Perrini nasceu em Curitiba-PR, em 23 de outubro de 1948, onde cresceu e reside. Saiba +

Arquivo

Newsletter

Cadastre-se e receba nosso boletim informativo:

Aceito receber emails