MARCA
Este poema se escreve
com o voo do corvo
e com o brilho da estrela
que só existem
como eu
quando espio você.
Este poema exige
fé
e busca palavras.
Este poema é pedra desde sempre.
Capturado,
poderá fazer da vidraça,
cacos.
Este poema se escreve
com o voo do corvo
e com o brilho da estrela
que só existem
como eu
quando espio você.
Este poema exige
fé
e busca palavras.
Este poema é pedra desde sempre.
Capturado,
poderá fazer da vidraça,
cacos.
Guardo sua marca em segredo
na intimidade da contraluz.
Não é cicatriz, nem tatuagem.
É a marca -d’água do seu corpo
no meu, que a vista vislumbra
em algum espelho memorioso
refletido, circunspecto, que fica
no fundo do corredor, na altura
do peito, na linha do coração.
O hálito da neblina
mastiga da serra
sua essência de odores.
O hábito da neblina
revela no chão
os descaminhos ao mar.
O hábito da neblina
convida a não ver,
passos inebriados.
O hálito da neblina
turva primeiro, depois
publica o sol.
Você fez questão
de dobrar o mapa
de modo que nossas cidades
distantes uma da outra
exatos 1720 km
fizessem subitamente
fronteira
Edival Antonio Lessnau Perrini nasceu em Curitiba-PR, em 23 de outubro de 1948, onde cresceu e reside. Saiba +