Guardo sua marca em segredo
na intimidade da contraluz.
Não é cicatriz, nem tatuagem.
É a marca -d’água do seu corpo
no meu, que a vista vislumbra
em algum espelho memorioso
refletido, circunspecto, que fica
no fundo do corredor, na altura
do peito, na linha do coração.
O ventilador do teto
é o esquema de uma ave presa
no sem-teto do céu baixo.
Dentro, sempre, do mesmo circuito
curto, onde apenas a velocidade se altera
e a direção do giro de sua viagem previsível.
Flechada no cimento, vive e morre
a aventura rotineira do dia a dia
do vento preestabelecido, ou não.
O ruído das pás, do passar de suas asas
sem penas (só parará com uma pane)
se entretém, se entretece
com a respiração do sono, pausada
sob o calor ligado do verão:
puxo o mar dos pés para me cobrir.