Ouve o barulho do rio, meu filho,
deixa esse som te embalar.
As folhas que caem no rio, meu filho,
terminam nas águas do mar.
Quando amanhã por acaso faltar
uma alegria no seu coração
lembra do som dessas águas de lá
faz desse rio a sua oração.
Lembra meu filho, passou, passará
essa certeza a ciência nos dá
que vai chover quando o sol se cansar
para que flores não faltem,
para que flores não faltem jamais.
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Fazer-se ao mar
como quem se joga num abraço
e respira.
Minha jangada vai sair pro mar
Vou trabalhar, meu bem-querer.
Se Deus quiser quando eu voltar do mar
Um peixe bom, eu vou trazer.
Meus companheiros também vão voltar
E a Deus do céu vamos agradecer.
Adeus, adeus,
Pescador não se esqueça de mim.
Vou rezar pra ter bom tempo, meu bem,
Pra não ter tempo ruim.
Vou fazer sua caminha macia
Perfumada de alecrim.
Dorival Caymmi

Um sonho feito balão
pressente o rumo do mar,
que chão de mar é molhado
e liso e fofo e alado
como carece ser chão
pra empinar sonho e gente.
Escafandrista de sonho
não diz que mar não dá pé.
Mergulha os olhos na água,
não dá bola pra marola,
ignora sombra e lama,
olha e vê, como vê!
Vê que gaivota é um peixe
que pulou fora do mar.
Daí que olhar seus avanços,
balanços e acrobacias,
traz um ar de nostalgia.
Saudades do vasto mar?
Vê a vida o mareante,
cavalga as algas e areias,
descasca o fruto-mar.
Aí se acendem estrelas,
conchas, polvos e arraias:
há um mar dentro do mar.
Apalpar estas entranhas,
alquimia de sereias,
é reencontrar o menino
que outro dia viu o mar,
e se pôs a perguntar
se o verbo dos princípios
não seria o verbo almar?
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