
Naquela praia existe um morro,
naquele morro uma pedra existe,
naquela pedra jazia um peixe.
Impressionou-me o olhar daquele peixe.
Ele continha uma saudade enorme,
fatal, definitiva,
(maior que a minha).
Custou-me lágrimas olhar o olhar daquele peixe.
Crédito do desenho: Valdyr Grecca Perrini

Os óculos,
braços cruzados na gaveta abandonada,
velam a mesma posição.
O sol,
capaz de mudar a cara de tudo,
nada pode com a saudade.
(Dia 18 de junho de2015, meu pai -Valdyr Grecca Perrini- estaria completando 100 anos!
Este poema, feito 1 ano depois do seu falecimento (em 1997) é uma forma de dizer o quanto ele ainda está VIVO no nosso coração)
Se for possível, manda-me dizer:
-É lua cheia. A casa está vazia-
Manda-me dizer, e o paraíso
há de ficar mais perto e mais recente
me há de pertencer teu rosto incerto.
Manda-me buscar se tens o dia
tão longo como a noite. Se é verdade
que sem mim só vês monotonia.
E se te lembras do brilho das marés
de alguns peixes rosados
numas águas
e dos meus pés molhados, manda-me dizer:
-É lua nova-
E revestida de luz te volto a ver.
Um comentário
Tags: casa vazia, Hilda Hilst, lua cheia, luz, marés, paraíso, peixes, pés molhados, poema, retorno, saudade, verdade

Temperatura em elevação,
nuvens isoladas de ausência.
Nebulosidades aumentam
no decorrer do período.
Ao pôr do sol,
pancadas de saudade.