SUÍTE DOS PESCADORES

Minha jangada vai sair pro mar
Vou trabalhar, meu bem-querer.
Se Deus quiser quando eu voltar do mar
Um peixe bom, eu vou trazer.
Meus companheiros também vão voltar
E a Deus do céu vamos agradecer.

Adeus, adeus,
Pescador não se esqueça de mim.
Vou rezar pra ter bom tempo, meu bem,
Pra não ter tempo ruim.
Vou fazer sua caminha macia
Perfumada de alecrim.

Dorival Caymmi

SORTE

bem-te-vi

Caem pétalas de som
do bem-te-vi meu vizinho:
bem-te-escuto, mal-te-vejo,
bem-te-quero passarinho.

Edival Perrini/ O olho das águas/ 2009

ELOGIO AO AMOR

Ainda que eu fale a língua dos homens e dos anjos, se não tiver Amor, sou apenas um bronze que toca ou um sino que soa.

E ainda que eu tenha o dom da profecia e conheça todos os mistérios e toda a ciência, ainda que possua a plenitude da fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver Amor, nada sou.

E ainda que distribua aos pobres todos os meus haveres e entregue o meu corpo para ser queimado, se não tiver Amor, tudo isto de nada serve.

O Amor é paciente, o Amor é benigno, o Amor não é invejoso. Não se vangloria, não se infla de orgulho, nada faz de inconveniente, não procura só o próprio interesse, não se irrita, leva em conta as injustiças, mas não se desespera, não se alegra com os erros, mas congratula-se com a verdade.

O Amor desculpa, crê, espera, suporta.

O Amor não desaparece jamais. Quanto às profecias, terão fim; quanto ao dom das línguas, cessará; quanto à ciência, desaparecerá.

Pois que o nosso conhecimento é imperfeito como somos imperfeitos todos os homens.

Mas quando há o Amor, o imperfeito se aperfeiçoa.

Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança; o Amor me faz maduro, me desenvolve.

Sem Amor nós olhamos indiretamente, como que através de um espelho; com ele vemos face a face. Sem Amor, nada conhecemos, com ele vemos com a clareza de uma água pura e cristalina.

A Fé, a Esperança e o Amor são sentimentos vitais. Mas o maior de todos, sem dúvida, é o Amor.

São Paulo/ adaptação livre da carta nº 13 aos Coríntiios/ Edival Perrini

A ALGA

Algas

Verte
do verdor
da alga
algo
além da cor.

Talvez
ao ver-se
vista,
a alga
pulse
o coração
de ciscos
e
a verdura
do verbo
alga
musgue
o olhar.

Talvez
ao me ver
vendo-a,
a alga
veja-se
tocada:
verde verde,
verde.

Edival Perrini/ O olho das águas/ 2009

telefone

ao lado do telefone ficam os papeis para rabiscar
casas flores arabescos um gato uma meia-lua
ficam canetas cadernetas propagandas contas a pagar
e, caída num canto, aquela palavra
que você não disse

Ana Martins Marques/ A vida submarina/ 2009

Edival Perrini

Edival Antonio Lessnau Perrini nasceu em Curitiba-PR, em 23 de outubro de 1948, onde cresceu e reside. Saiba +

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