Do Natal,
quero recolher a luz
e injetá-la nos olhos
com tal presença
que ao olhar em volta e ao redor
possa reconhecer
fontes.
Do Natal,
quero a magia da infância,
e redescobri-la
com tal reverberação
que as palavras
vistam-se
de ternura.
Do Natal,
quero me molhar na fé:
fé na Vida
que sempre terá a cara
do movimento que se movimenta em nós.
Do Natal,
quero apostar no Deus-Menino,
lua nova,
ideia nova,
célula nova
a fabricar pacientemente
uma pele nova
capaz de conter, com fulgor,
a Esperança.
Para Eucanaã Ferraz
Por que não me deitar sobre este
gramado, se o consente o tempo,
e há um cheiro de flores e verde
e um céu azul por firmamento
e a brisa displicentemente
acaricia-me os cabelos?
E por que não, por um momento,
nem me lembrar que há sofrimento
de um lado e de outro e atrás e à frente
e, ouvindo os pássaros ao vento
sem mais nem menos, de repente,
antes que a idade breve leve
cabelos sonhos devaneios,
dar a mim mesmo este presente?
Crédito da foto: Gustavo Asciutti.
Homem em pé sobre a canoa
pesca a manhã de cada dia,
noventa graus de poesia.
Nas trevas,
a pequenina
chama brilha,
lança sombras,
brinca de
SOL.
Eu não lembro,
mas lembro tão bem,
e isto é o que me assombra:
havia um pedaço de mar
e nós inventamos as ondas.