
A ilha que interrompe o prumo do horizonte
põe virgulas na utopia,
põe graça nas reticências do litoral.
Não saber o nome da ilha
me permite batizá-la,
batizá-la de novo,
surfar sobre sombras.
Por vezes,
a ilha que interrompe o prumo do horizonte
é um ponto final.
Esta ilha eu evito,
ela me põe triste como a neblina.
CRÉDITO DA FOTO: Jeferson Vasconcellos.
Debruçado na tarde lanço a mais triste rede
aos teus olhos oceânicos.
Nela se estende e arde na mais alta fogueira
minha solidão que gira os braços como um náufrago.
Faço rubros sinais a teus olhos ausentes
que ondulam, como à beira de um farol, o oceano.
Guardas apenas trevas, fêmea longínqua e minha.
De teu olhar emerge às vezes o litoral do espanto.
Debruçado na tarde lanço a mais triste rede
a esse mar que sacode os teus olhos oceânicos.
Os pássaros noturnos bicam as primeiras estrelas
que cintilam como minha alma quando te amo.
A noite galopa em sua égua sombria
esparramando azuis espigas pelo campo.
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