MARCA

Marca (meu poema)

Este poema se escreve
com o voo do corvo
e com o brilho da estrela
que só existem
como eu
quando espio você.

Este poema exige

e busca palavras.

Este poema é pedra desde sempre.

Capturado,
poderá fazer da vidraça,
cacos.

Edival Perrini / www.edivalperrini.com.br / 2019

130

Guardo sua marca em segredo
na intimidade da contraluz.
Não é cicatriz, nem tatuagem.
É a marca -d’água do seu corpo
no meu, que a vista vislumbra
em algum espelho memorioso
refletido, circunspecto, que fica
no fundo do corredor, na altura
do peito, na linha do coração.

Armando Freitas Filho / Numeral in Dever / 2013

NEBLINA

Neblina na serra

O hálito da neblina
mastiga da serra
sua essência de odores.

O hábito da neblina
revela no chão
os descaminhos ao mar.

O hábito da neblina
convida a não ver,
passos inebriados.

O hálito da neblina
turva primeiro, depois
publica o sol.

Edival Perrini / www.edivalperrini.com.br / 2017

“VOCÊ FEZ QUESTÃO”

Você fez questão
de dobrar o mapa
de modo que nossas cidades
distantes uma da outra
exatos 1720 km
fizessem subitamente
fronteira

Ana Martins Marques / O livro das semelhanças / 2015

PRIMAVERA

Primavera pássaros

O que dá sustentação ao voo
é o canto,
não as asas,
não a coragem,
não o instante azul do céu.

O que dá sustentação ao voo
não é a genial arquitetura,
mas o cheiro
da vida que chega.

Edival Perrini / www.edivalperrini.com.br / 2017

Edival Perrini

Edival Antonio Lessnau Perrini nasceu em Curitiba-PR, em 23 de outubro de 1948, onde cresceu e reside. Saiba +

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